Juízes do Paraná dão "vergonha", diz Gleisi após juiz vetar acampamento
Segunda-feira, 16 de Abril de 2018 - 04:36 | Redação
Os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão manter o acampamento armado próximo à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso já há oito dias, a despeito da decisão judicial que ordenou seu desmanche e impôs multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento.
A manutenção da vigília em apoio a Lula foi anunciada pela presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que disse não ter chegado nenhuma notificação sobre a decisão proferida pelo juiz Jailton Juan Carlos Tontiniu, substituto da 3ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
Em discurso realizado na tarde de ontem no acampamento, Gleisi reclamou que o juiz nem mesmo ouviu o Ministério Público no âmbito do processo que pedia a remoção dos manifestantes. A senadora chegou a dizer que os "juízes paranaenses causam vergonha alheia" – numa menção ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato.
"Desculpa, mas essa escola do Moro não serve para o Judiciário brasileiro. Não tem como nos tirarem daqui. Nós não temos nenhuma ação de despejo. Querem que a gente saia porque tem reclamação de moradores, mas também tem muitos moradores nos apoiando. Estamos negociando com as autoridades, mas nós vamos ficar", disse Gleisi.
Além de criticar o juiz responsável por ordenar a prisão de Lula, Gleisi também incluiu o coordenador da força-tarefa de procuradores da Lava Jato, Deltan Dallagnol, em seus ataques e voltou a defender que o ex-presidente está preso injustamente.
"A prisão é uma baita de uma injustiça. É uma sacanagem do Moro, do Dallagnol e dessa gente que integra a elite brasileira. Dessa gente que não conhece o Brasil. Que só conhece gabinetes com ar-condicionado", disparou a petista.
Erguido tão logo o ex-presidente Lula chegou à sede da Polícia Federal na capital paranaense, no último dia 7, o acampamento de apoiadores do petista reúne cerca de 500 pessoas, segundo a Prefeitura de Curitiba. O PT afirma que até 2 mil pessoas circulam pelo local.
O acampamento é mantido por meio de doações feitas tanto por meio presencial quanto por meio de uma 'vaquinha virtual' na internet. São desenvolvidas no local atividades culturais e políticas, sendo que uma das marcas do acampamento tem sido o grito de "Bom dia, presidente Lula!", entoado todas as manhãs pelos manifestantes. De acordo com a equipe do ex-presidente, Lula disse que consegue ouvir a saudação de dentro da sala de 15 metros quadrados onde está preso.