ALEMS blinda Adriane Lopes e amplia suspeita de que não há dinheiro para o 13º salário
Manobra é vista como "tiro no pé"; gratificação natalina vai custar mais de R$ 160 milhões
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2024 - 13:35 | Redação
Manobra dos deputados estaduais que apoiam a reeleição de Adriane Lopes (PP) acabou gerando mais dúvidas se de fato a prefeitura possui dinheiro para pagar o 13º salário dos servidores da prefeitura. No debate realizado pelo Midiamax, a prefeita esquivou-se de esclarecer a questão ao ser indagada pela adversária Rose Modesto (União).
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Há meses circula entre os servidores do município a informação de que Adriane Lopes não vem provisionando os recursos necessários para o pagamento da folha salarial extra no final do ano.
A informação ganhou força quando a prefeitura começou a gastar milhões de reais em obras de recapeamento e de tapa-buracos em ruas que há anos estavam abandonadas, como é o caso de trecho da Avenida Ernesto Geisel, nas proximidades do Shopping Norte Sul Plaza.
Chamou também a atenção o fato de Adriane Lopes estar utilizando dinheiro arrecadado com multas de trânsito para pagar as empreiteiras, iniciativa que não possui qualquer respaldo legal, pois contraria o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece a destinação desses recursos.
Pedido de informações
Nesta semana, o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), que foi secretário municipal de Finanças e Planejamento da prefeitura na gestão de Marcos Trad, apresentou na Assembleia Legislativa requerimento para ser encaminhado à Adriane Lopes questionando-a se o pagamento do 13º salários dos mais de 27 mil servidores está ou não garantido.
“Foi um pedido simples: qual o valor dos depósitos feitos na conta utilizada para o provisionamento do dinheiro? Não precisava nem de requerimento, basta ela apresentar um extrato bancário”, explicou Pedrossian Neto.
Segundo ele, caso a prefeita não tenha separado parte do dinheiro em janeiro, quando os recursos da cobrança do IPTU entram nos cofres do município, “vai ser bem difícil ela conseguir hoje, a menos de 3 meses do Natal, o dinheiro necessário”, pontuou o parlamentar.
Processo de blindagem
O que era para ser aprovado com tranquilidade, como sempre ocorre quando se trata de questão de menor relevância para o parlamento estadual, acabou se transformando num cavalo-de-batalha em plenário.
Numa manobra de última hora, o deputado Paulo Corrêa (PSDB) pediu vistas e adiou a votação do requerimento por 24h. O pedido foi encaminhado para ser decidido em plenário, obtendo 11 votos a favor e 11 votos contrários.
Diante disso, coube ao presidente da ALEMS, Gerson Claro (PSDB), votar pelo adiamento da análise do requerimento, estabelecendo-se a blindagem da prefeita Adriane Lopes.
Tiro no pé
O comportamento dos parlamentares favoráveis à blindagem acabou sendo um tiro no pé, pois o fato chamou ainda mais a atenção dos servidores, aumentando a dúvida se de fato a prefeitura vem provisionando o dinheiro para pagar a gratificação natalina.
A dúvida agora se estende ao comércio, já que um eventual calote nos servidores afetaria em muito as vendas de final de ano. O valor do 13° salário dos servidores é de mais de R$ 160 milhões.
À imprensa, Adriane Lopes garantiu ter o dinheiro em caixa. “Nunca atrasei um salário e não vai ser agora que vou atrasar. Então os servidores podem dormir tranquilos que o décimo está garantido”, afirmou.
Deputados que votaram pela blindagem
1 – Antônio Vaz (Republicanos)
2 – Pedro Caravina (PSDB)
3 – Coronel David (PL)
4 – Gerson Claro (PP)
5 – Jamilson Name (PSDB)
6 – Junior Mochi (MDB)
7 – Lídio Lopes (sem partido)
8 – Márcio Fernandes (MDB)
9 – Paulo Corrêa (PSDB)
10 – Paulo Duarte (PSB)
11 – Lodres Machado
12 – Zé Teixeira (PSDB).
Deputados que votaram contra a blindagem
1 – Gleice Jane (PT)
2 – João Henrique (PL)
3 – Lia Nogueira (PSDB)
4 – Lucas de Lima (sem partido)
5 – Mara Caseiro (PSDB)
6 – Neno Razuk (PL)
7 – Pedro Kemp (PT)
8 – Pedrossian Neto (PSD)
9 – Professor Rinaldo (Podemos)
10 – Renato Câmara (MDB)
11 – Roberto Hashioka (União).