CNJ investigará juiz que acusou Gilmar Mendes de corrupção
Domingo, 24 de Dezembro de 2017 - 06:19 | Redação
A Corregedoria Nacional de Justiça vai instaurar um pedido de providências para apurar a conduta do juiz Glaucenir de Oliveira, da Vara Criminal de Campos dos Goytacazes (RJ) e titular da Zona Eleitoral da cidade. Ele é o responsável pelas investigações e pelo processo nos quais o ex-governador do Rio Anthony Garotinho é acusado de corrupção e compra de voto. Em mensagem de áudio encaminhada a um grupo de WhatsApp, o juiz acusa de corrupção o ministro Gilmar Mendes, que concedeu Habeas Corpus a Garotinho para cassar a prisão preventiva do político.
“A mala foi grande”, diz o magistrado, na mensagem, insinuando que o Habeas Corpus foi concedido porque o ministro recebeu dinheiro do ex-governador. “Não quero ser leviano”, continua Glaucenir, “estou vendendo o peixe tal como eu comprei, de pessoas que sabem porque estão no meio. O que dizem é que a quantia foi alta”.
Segundo o ministro João Otávio de Noronha, corregedor nacional de Justiça, será instaurado um pedido de providências para analisar que infrações foram cometidas. Depois, eventualmente, será instaurado um processo administrativo disciplinar.
A Polícia Federal também deve instaurar um inquérito para apurar se houve crime na conduta de Glaucenir. O corregedor-geral de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Claudio Mello, disse que recebeu o áudio do magistrado e uma série de informações e vai apurar que procedimento adotar.
Na mensagem, Glaucenir também diz que “temos outros ministros que são omissos, parece que se acovardam”. Ele conta aos integrantes do grupo que o juiz que o substituiu durante o recesso pensa em se declarar impedido porque “não quer dar a cara a tapa”. “Virar palhaço de circo do Gilmar Mendes não tem condição”, conclui ele.
À ConJur, o magistrado disse que não quer falar publicamente sobre assunto. Só explicou que não fez qualquer acusação, apenas comentários num grupo fechado de juízes.
Em 2009, Glaucenir foi acusado por um empresário de ter sacado e apontado uma arma para ele depois de um show da banda Skank, em Guarapari (RJ). Segundo o empresário, ele interpelou o juiz porque ele teria mexido com sua mulher. Foi quando ele sacou a arma e a apontou contra a cabeça do empresário, pedindo para que a segurança o removesse de lá à força.
Segundo reportagem do jornal O Globo na época, o juiz disse no inquérito que não sacou a arma, apenas repousou a mão sobre o coldre, “por reflexo”. Ele disse ter “sofrido um esbarrão, seguido de uma cotovelada”.
Pedro Canário- Revista Conjur