07 de Setembro de 2024

Analistas do mercado financeiro erram de novo e PIB do Brasil cresce 1,4%

Expectativa de "especialistas" era de alta de 0,9%; agora, vislumbram "pressão na inflação" e aumento da taxa Selic em setembro.

Terça-feira, 03 de Setembro de 2024 - 15:41 | Redação

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Analistas do mercado financeiro erram de novo e PIB do Brasil cresce 1,4%
Analistas do mercado financeiro fazem projeções da economia cada vez mais distantes da realidade (Poder 360)

Depois de mais uma vez errar feio nas projeções relacionadas ao crescimento da economia brasileira, os “especialistas” do mercado financeiro começaram a revisar para cima as projeções para 2024, “surpresos” com os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) no 2° trimestre.

Nesta terça-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do Brasil cresceu 1,4% entre abril e junho de 2024, bem acima das expectativas desses mesmos “especialistas”, que previam uma alta de 0,9% em média.

O mercado segue subestimando o fôlego da economia brasileira e, mais uma vez, teve de se render à realidade traduzida em uma série de recentes indicadores positivos. Vale destacar, ainda, o cenário positivo constatado também no mercado de trabalho, que reflete os avanços econômicos que o país vem obtendo.

A taxa de desocupação, também conhecida como taxa de desemprego, ficou em 6,8% no trimestre encerrado em julho deste ano, abaixo dos 7,9% do mesmo período em 2023.

O indicador também foi inferior ao observado no trimestre encerrado em abril deste ano (7,5%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em julho desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.

“Analistas” no divã

Ao G1, o Itaú Unibanco afirmou que o resultado melhor do PIB é consequência direta da expansão dos gastos do setor público, do consumo persistente das famílias e de uma recuperação dos investimentos no país — ainda que a base de comparação com os últimos trimestres seja baixa.

"O aumento da renda (liderado por um mercado de trabalho resiliente), bem como o ciclo de crédito benigno e mercado de capitais aquecido vem contribuindo para o forte crescimento do PIB", diz o banco em relatório desta terça.

Os analistas do Itaú costumam demorar alguns dias para ajustar os cálculos e ainda projetam um crescimento de 2,5% para a economia brasileira em 2024. Mas já destacam que "há um viés de alta para nossa projeção de PIB do ano".

Outras instituições já divulgaram novas projeções. Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, diz que a casa revisou seu número de 2,5% para 2,7% em 2024.

O analista ressalta que "o crescimento econômico no Brasil está muito pautado nas atividades internas", o que é corroborado pelo forte crescimento de 7,6% das importações.

Para ele, além do mercado de trabalho aquecido — a taxa de desemprego no país está nas mínimas desde 2014 —, também contribuíram para o PIB do 2° trimestre "a retomada da confiança, o dinamismo do mercado de crédito, o aumento das transferências governamentais e, muito possivelmente, os esforços para reconstrução do Rio Grande do Sul".

Taxas de juros

Se por um lado o crescimento mostra, principalmente, uma demanda interna forte, por outro permanece a preocupação com as pressões inflacionárias, segundo Helena Veronese, economista-chefe B.Side Investimentos, que também revisou suas projeções para um PIB de 3% no ano.

"Um PIB mais forte impulsionado justamente por componentes que são mais sensíveis ao ciclo monetário, como consumo das famílias, impõe uma pressão adicional ao Banco Central, que já vinha sinalizando a possibilidade de uma nova alta na taxa Selic", diz Helena.

Atualmente, a taxa Selic está em 10,50% ao ano e agentes do mercado financeiro enxergam uma possibilidade de que o BC suba os juros para controlar a aceleração da inflação vista nos últimos meses.

Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou uma alta de 4,50% em 12 meses. Esse é o teto da meta estabelecido pelo BC, de 3,0% para 2024, que será considerada cumprida se estiver dentro do intervalo de 1,50% e 4,50%.

Juros prejudicam a economia

Juros elevados costumam reduzir a atividade econômica porque encarecem a tomada de crédito, como financiamentos e empréstimos, tornando o consumo das famílias e os investimentos das empresas mais custoso. Mesmo que o BC eleve os juros, porém, há um tempo de alguns meses para que a alta seja sentida na economia real, explicam os especialistas.

O mercado tem errado com frequência as projeções de crescimento do Brasil e isso tem feito economistas se perguntarem por quê. A última vez que o consenso para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no início do ano foi acima do registrado foi em 2020, quando a pandemia chacoalhou a economia global. 

Desde então, as previsões de bancos, corretoras e fundos de investimento têm subestimado o potencial de expansão do país. Em 2022, o consenso de economistas previa 0,35% de expansão, menos de um quinto do que o país viria a crescer.

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