Janot usa Twitter para criticar “convescotes” de Temer e Cármen Lúcia
Terça-feira, 13 de Março de 2018 - 07:09 | Redação
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot usou sua conta no Twitter para criticar as motivações do encontro entre o presidente da República, Michel Temer (MDB), e Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) - Corte onde Temer é investigado por corrupção. Os dois se encontraram no sábado (10) na residência oficial da ministra.
“Causa perplexidade que assuntos republicanos de tamanha importância sejam tratados em convescotes matutinos ou vespertinos”, disparou o ex-procurador no domingo.
A visita de Temer aconteceu dias após ele ter a quebra do sigilo bancário decretada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. A ação inédita – nunca um presidente em exercício do mandato teve o sigilo suspenso pela justiça - tem como intuito investigar supostos atos de corrupção para beneficiar empresas privadas conduzidos pelo presidente na redação do Decreto dos Portos.
Temer também é investigado em outro inquérito no STF. No início de março, o ministro da Corte Edson Fachin autorizou que o presidente fosse incluído na ação que busca averiguar possíveis ilegalidades perpetradas pelo “quadrilhão do PMDB”, do qual participariam o presidente e alguns de seus ministros mais próximos, como Moreira Franco e Eliseu Padilha. Esta última acusação foi levada a cabo pelo próprio Janot, antes de ele deixar a procuradoria. Nos dois casos citados, Temer afirma ser inocente.
O emedebista, porém, negou que a conversa com Cármen Lúcia tenha relação com as duas investigações. Embora não conste na agenda oficial da presidência, Temer afirmou que o encontro foi marcado para tratar exclusivamente da intervenção federal no Rio de Janeiro.
Ao deixar a casa da ministra, o presidente disse que Cármen Lúcia se comprometeu em colaborar nos assuntos de segurança, tanto no Rio de Janeiro como em outros estados. A situação dos presídios brasileiros também foi discutida entre os dois, segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
Janot também usou o Twitter para criticar sua sucessora na procuradoria-geral, Raquel Dodge. Ele apontou que, desde que ela assumiu a função, nenhum novo acordo de delações foi fechado pelo Ministério Público.
“Vai ser assim?”, questionou, referindo-se ao ritmo das investigações contra membros do alto escalão do governo. Cármen Lúcia, Dodge e o presidente não se manifestaram sobre os comentários de Janot.